A amizade entre professor e aluno parte do princípio de confiança em que um deposita sobre o outro, quando essa confiança se torna recíproca aparece um laço de amizade na qual Aristóletes chama de virtuosa.
Essa confiança se dá quando ambos, professor e aluno, convivem em recíproco respeito, onde cada um compreende suas posições e diferenças, pois é evidente que existem diferenças entre ambos em suas vestimentas, em seus vocabulários, em suas idades, em suas ideias, em seus interesses, etc.. “Essa experiência, aparentemente estranha, pois baseada em pessoas diferentes, é o que faz da amizade uma virtude, possibilitando a revelação de pontos de vista, de crenças, desejos, sentimentos e utopias distintas”.
Quem deve buscar essa amizade, a meu ver, é o professor, pois normalmente os alunos apresentam certa resistência para tal aproximação, até por que, existe uma barreira hierárquica entre ambos. O professor deve trazer o aluno para si e conquistar a sua confiança, ou seja, fazer o aluno experimentar a amizade. Também, como escreve Carvalho e Colombani, “a barreira pode ser superada se o professor e aluno tiverem o ato corajoso de circularem, de voarem no terreno um do outro, de recriarem uma espécie de sociedade, de comunidade, sem demagogias e hipocrisias”.
Não podemos olhar nossos alunos com estranheza ou pelo menos não podemos demonstrá-la. Como, por exemplo, conseguir a amizade de um aluno com sérios problemas e que necessita de ajuda se olharmos com desdém? Esse aluno com problemas, certamente, é o que mais necessita da amizade do professor, pois ele precisa acima de tudo de ajuda, na qual, sem ela, não se dá à aprendizagem, e por isso, não podemos descriminá-lo e sim acolhê-lo.
Concluo com as palavras de Jankeélévitch que “isto significa obrigatoriamente que toda relação social (...) implica um elemento que une, que é a amizade (...). Na relação do professor com seus alunos está o fato da partilha de uma certa imagem do que se deve ser alguém, de terem comum uma forma de sensibilidade e de acolhimento ao outro”.